Quais são os tratamentos com medicamentos?

A medicação é o alicerce principal do tratamento da esquizofrenia. Ela tanto controla a crise como ajuda a prevenir recaídas. A medicação prescrita atua nos sintomas, por isso os medicamentos mais importantes para o tratamento da esquizofrenia são os antipsicóticos (antes chamados de neurolépticos).

Existem antipsicóticos de primeira e segunda geração. Os de primeira geração, também denominados de “típicos”, são medicações desenvolvidas entre 1955 e 1980. Eles atuam principalmente sobre os chamados “sintomas positivos” (alucinações e delírios). Os mais comuns são: Haloperidol (Haldol), Tioridazina (Melleril), Trifluoperazina (Stellazine) e Pimozida (Orap).

Os antipsicóticos de segunda geração, ou “atípicos”, são medicamentos desenvolvidos após 1990. É um grupo heterogêneo de drogas antipsicóticas que produzem pouco ou nenhum sintoma extrapiramidal (tremores) como efeito colateral. Parece que também atuam nos sintomas negativos, melhorando o retraimento social e o embotamento afetivo. Isto ocorre porque eles são mais seletivos – agem na parte do cérebro que causa os sintomas psicóticos e não na parte que controla os movimentos musculares normais. Como estas medicações produzem menos efeitos colaterais, parecem que melhoram a adesão do paciente ao tratamento. Com isto, previnem as recaídas, melhorando o prognóstico da doença. Os mais comuns são: Clozapina (Leponex), Risperidona (Risperdal), Olanzapina (Zyprexa), Quetiapina (Seroquel), Ziprasidona (Geodon) e Aripiprazol (Abilify).

O tratamento medicamentoso da esquizofrenia tem duas fases importantes e distintas: aguda e manutenção ou profilática. A fase aguda envolve a tentativa de aliviar os delírios, alucinações, alterações formais do pensamento e do comportamento. Após a remissão dos sintomas, diminui-se a dose e avalia-se a necessidade de tratamento de longo prazo com antipsicóticos. Se a medicação for suspensa, o médico deve estar atento a algum sinal de recaída e, em caso de nova crise psicótica, a medicação deve ser introduzida por tempo indefinido.

A fase de manutenção pode exigir de pessoas com esquizofrenia a necessidade de cuidados médicos e medicação pelo resto de suas vidas. As medicações antipsicóticas não curam a esquizofrenia, somente controlam os sintomas da doença. Ou seja, se o paciente deixar de tomar a medicação pode sofrer uma recaída. Algumas pessoas, mesmo tomando a medicação regularmente, podem ter uma recaída dos sintomas psicóticos. É muito importante que elas possam reconhecer que estes estão voltando e procurar ajuda imediatamente. Antes do aparecimento de sintomas, como delírios ou alucinações, é comum aparecer sintomas menos específicos como irritabilidade, insônia e depressão. Os familiares devem estar atentos a mudanças sutis que possam ocorrer com seu doente, pois a intervenção médica precoce pode impedir a recaída.

Enquanto esta necessidade de tratamento por longo tempo é bem reconhecida pelo médico, isto frequentemente não é bem aceito pelo paciente. Por essa razão, eles podem ser inconstantes em relação à medicação. Interrompem porque se sentem bem e não veem motivo para continuar tomando o remédio, já que não se sentem doentes. Muitas vezes também interrompem a medicação porque os efeitos colaterais são muito desagradáveis.

Em alguns casos, a introdução dos antipsicóticos de ação prolongada, de uso injetável, é uma alternativa para possibilitar maior adesão destes portadores ao tratamento, pois a aplicação pode ter um espaço de semanas.