Se Informe mais Sobre o Assunto:
Sintomas
Os principais sintomas da esquizofrenia são:
Delírios:
A pessoa passa a acreditar que a realidade se apresenta de uma maneira diferente, suas ideias e pensamentos apresentam conteúdos que para ela são verdade, mas que não estão realmente acontecendo. Por exemplo, ela pode acreditar que está sendo perseguida, que está sendo filmada e, como consequência, que tem poderes especiais ou uma missão muito importante no mundo. Estas crenças são uma convicção para a pessoa e não se desfazem com nenhuma argumentação.
Alucinações:
Os cinco sentidos também ficam afetados. A pessoa passa a ter percepções sem que haja um estímulo externo. Por exemplo, ouvir vozes que comentam o seu comportamento ou dão ordens, sem haver ninguém falando. Também pode sentir odores e sabores diferentes em alimentos saudáveis, ter visões de objetos que não existem, ou outras sensações táteis, como formigamento.
Alterações do Pensamento:
Os pensamentos podem ficar confusos. A pessoa pode ter a sensação que seus pensamentos podem ser lidos por outras pessoas, ou roubados ou que podem ser controlados. Pode acreditar também que pensamentos estranhos foram colocados em sua cabeça. Esta confusão dos pensamentos se expressa na forma como se comunica, aparentando dizer coisas sem sentido.
Perda da Vontade e Déficits Cognitivos:
A pessoa passa a ter uma perda da vontade para realizar suas atividades. Em parte por não sentir prazer em realizá-las e em parte por dificuldades novas, como, por exemplo, relativas à memória ou devido à dificuldade para realizar tarefas corriqueiras de forma organizada.
Alteração do Afeto:
Há uma dificuldade em expressar os sentimentos e emoções, passando a impressão de que perdeu estas capacidades. Na realidade a pessoa continua tendo seus sentimentos e emoções e fica angustiada por não conseguir demonstrá-las. É como se as pessoas estivessem alheias ao que se passa à sua volta e a vida fosse um filme monótono em branco e preto.
Diagnóstico
Como se Diagnostica a Esquizofrenia?
Não existe um exame laboratorial que seja capaz de identificar a esquizofrenia. O diagnóstico permanece inteiramente dependente do julgamento clínico médico, através de uma entrevista psiquiátrica cuidadosa com o paciente e seus familiares. Como não existem sintomas específicos da esquizofrenia, os médicos se baseiam em critérios diagnósticos para estabelecer o diagnóstico. No Brasil, utilizamos principalmente os critérios estabelecidos pela CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) da Organização Mundial da Saúde.
O diagnóstico da esquizofrenia pode levar algum tempo para ser efetuado. É preciso que o médico seja cuidadoso e certifique-se de que não se trata de algum outro transtorno ou doença de base orgânica. Outras causas possíveis para os sintomas apresentados devem ser investigadas. É importante descartar outras doenças, pois às vezes os sintomas psicóticos ou confusionais podem ser motivados por outras condições. Além disso, o abuso de certas drogas pode provocar sintomas semelhantes ao da esquizofrenia.
Às vezes, é difícil diferenciar uma doença mental de outra. Por exemplo, algumas pessoas com sintomas da esquizofrenia apresentam alterações de humor (depressão ou euforia) muito marcantes, sendo importante determinar se a pessoa tem mesmo esquizofrenia ou um transtorno depressivo ou bipolar. Algumas pessoas cujos sintomas não podem ser claramente categorizados, ou que apresentam sintomas mistos (psicóticos e de alteração de humor), podem ser diagnosticadas como tendo um “transtorno esquizoafetivo”.
Tratamento
O tratamento da esquizofrenia idealmente deve envolver vários profissionais trabalhando em equipe.
É muito importante assegurar que o paciente faça o tratamento. Muitos pacientes abandonam o tratamento devido às idéias de perseguição, à falta de consciência sobre a doença e ao desconforto com os efeitos colaterais das medicações.
Outro fator que contribui para o abandono do tratamento é a desesperança, a vergonha e o preconceito decorrentes do estigma associado à doença.
Tratamento Medicamentoso
A medicação é o alicerce principal do tratamento da esquizofrenia. Ela tanto controla a crise como ajuda a prevenir recaídas. A medicação prescrita atua nos sintomas, por isso os medicamentos mais importantes para o tratamento da esquizofrenia são os antipsicóticos (antes chamados de neurolépticos).
Antipsicóticos Típicos ou de primeira geração
Os antipsicóticos “típicos”, ou de primeira geração, são medicações desenvolvidas entre 1955 e 1980. Eles atuam principalmente sobre os chamados “sintomas positivos” (alucinações e delírios). Os antipsicóticos de primeira geração mais comuns são: Haloperidol, Clopromazina, Trifluoperazina e Pimozida.
Antipsicóticos Atípicos ou de segunda geração
São os medicamentos desenvolvidos após 1990. É um grupo heterogêneo de drogas antipsicóticas que produzem pouco ou nenhum sintoma extrapiramidal como efeito colateral. Parece que também atuam nos sintomas negativos, melhorando o retraimento social e o embotamento afetivo. Isto ocorre porque eles são mais seletivos – agem na parte do cérebro que causa os sintomas psicóticos e não na parte que controla os movimentos musculares normais.
Como estas medicações produzem menos efeitos colaterais (abre para texto sobre efeitos colaterais – em desenvolvimento), parecem que melhoram a adesão do paciente ao tratamento. Com isto, previnem as recaídas melhorando o prognóstico da doença.
Olanzapina, Clozapina, Risperidona, Quetiapina, Aripiprazol e Ziprazidona, são os antipsicóticos atípicos mais comumente em uso no Brasil.
O tratamento medicamentoso da esquizofrenia tem duas fases importantes e distintas: aguda e manutenção ou profilática.
Fase Aguda
Envolve a tentativa de aliviar os delírios, alucinações, alterações formais do pensamento e do comportamento. Após a remissão dos sintomas, diminui-se a dose e avalia-se a necessidade de tratamento de longo prazo com antipsicóticos.
Se a medicação for suspensa, o médico deve estar atento a algum sinal de recaída e, em caso de nova crise psicótica, a medicação deve ser introduzida por tempo indefinido.
Fase de Manutenção
A maioria das pessoas com esquizofrenia necessitarão de cuidados médicos e medicação pelo resto de suas vidas. As medicações antipsicóticas não curam a esquizofrenia, somente controlam os sintomas da doença. Ou seja, se o paciente deixar de tomar a medicação pode sofrer uma recaída.
Algumas pessoas, mesmo tomando a medicação regularmente, podem ter uma recaída dos sintomas psicóticos. É muito importante que elas possam reconhecer que estes estão voltando, e procurar ajuda imediatamente. Antes do aparecimento de sintomas como delírios ou alucinações, é comum aparecerem sintomas menos específicos como irritabilidade, insônia e depressão. Os familiares devem estar atentos a mudanças sutis que possam ocorrer com seu familiar doente, pois a intervenção médica precoce pode impedir a recaída. (link para o texto sobre reconhecendo sinais de recaída na seção de APOIO a familiares)
Enquanto esta necessidade de tratamento por longo tempo é bem reconhecida pelo médico, isto freqüentemente não é bem aceito pelo paciente. Por essa razão, eles podem ser inconstantes em relação à medicação. Interrompem porque se sentem bem e não vêem motivo para continuar tomando o remédio, já que não se sentem doentes. Muitas vezes também interrompem a medicação porque os efeitos colaterais (informações sobre efeitos colaterais) são muito desagradáveis.
Em alguns casos, a introdução dos antipsicóticos de ação prolongada, de uso injetável, é uma alternativa para possibilitar maior adesão destes portadores ao tratamento.
Hospitalização
Uma pessoa não deve ser necessariamente hospitalizada porque tem esquizofrenia. Ela pode e deve ser tratada em outros locais tais como hospitais-dia, ambulatórios e consultórios particulares. A evolução da doença pode ser melhor se as perdas e a desarticulação social, que resultam da internação, forem evitadas.
Acompanhamento
A possibilidade de tratar os portadores na comunidade fez com que os familiares se tornassem os principais envolvidos em seu cuidado. Embora a internação seja hoje uma opção de tratamento menos freqüente e, quando necessária, mais breve, os programas e serviços de tratamento na comunidade são ainda bastante inadequados ou insuficientes. Com isso, muitos portadores recebem apenas o tratamento médico, ficando para a família a tarefa de encontrar maneiras de ajudar na sua recuperação. Muitos não atingem uma melhor adaptação por falta de acesso aos tratamentos psicossociais.
Os tratamentos psicossociais são importantes por duas razões principais: Primeiro, porque as medicações têm um impacto limitado na recuperação do funcionamento social; e segundo, porque uma vez estabilizado, o portador provavelmente precisará de ajuda para lidar com as mudanças na sua vida. De maneira geral, os portadores precisam de ajuda para voltar a estudar ou trabalhar, para organizar atividades da vida diária, e às vezes até para seu auto-cuidado.
O que são os Tratamentos Psicossociais?
Os tratamentos psicossociais são vários tipos de intervenções destinadas a melhorar a qualidade de vida dos portadores e de seus familiares, através de intervenções terapêuticas e de apoio que visam a recuperação do funcionamento social.
As intervenções psicossosiais devem oferecer informação, apoio e terapia através de vários tipos de serviços e técnicas, tais como: psicoterapia individual ou em grupo, terapia ocupacional, grupos de convivência, suporte vocacional, programas de trabalho e moradia assistidos, intervenções familiares.
Assim como a medicação, o tipo de tratamento psicossocial deve ser indicado de acordo com as necessidades do indivíduo. Esta necessidade depende da fase da doença, do paciente, de sua condição familiar e de sua moradia.
Estigma
A palavra estigma tem origem grega e significa marcar, pontuar.
Os gregos marcavam o corpo de pessoas quando buscavam evidenciar alguma coisa de extraordinário ou mau sobre seu status moral e assim possibilitavam que ela fosse facilmente identificada e evitada. Um estigma é na realidade um tipo especial de relação entre um atributo da pessoa e um estereótipo negativo e acaba sendo visto como algo que a define mais do que um rótulo a ela aplicado.
O estigma está relacionado a conhecimentos insuficientes ou inadequados (estereótipos), que leva a preconceitos (pressupostos negativos), à discriminação (comportamentos de rejeição) e ao distanciamento social da pessoa estigmatizada.
Estudos realizados desde os anos 1950 demonstram que as pessoas em geral apresentam grande desconhecimento sobre as doenças mentais e uma reação negativa diante dos doentes mentais, considerando-os “relativamente perigosos, sujos, imprevisíveis e sem valor”. Essa percepção acaba por provocar sentimentos de “medo, desconfiança e aversão” pelos portadores de doenças mentais. O processo de desinstitucionalização dos doentes mentais – fechando hospitais psiquiátricos e abrindo serviços comunitários e residências terapêuticas – infelizmente tem contribuído para o crescimento do estigma na medida em que a população fica mais exposta a contatos com doentes mentais graves, sem o necessário incremento de informações sobre a real situação deles. A ideia de que os doentes mentais são violentos é muitas vezes difundida pela mídia e não encontra respaldo na realidade na medida em que, na maioria das vezes, os portadores são mais vítimas de violência que perpetradores desta.
Assim, o estigma relacionado às doenças mentais, além de associar-se a uma visão estereotipada de imprevisibilidade e violência, associa-se também à negação de direitos humanos dos portadores, frequentemente contribui para sua exclusão social e os coloca em posição de desvantagem quando buscam emprego, moradia, estudo, direitos previdenciários e mesmo acesso a tratamento, e produz autoestigma e baixa autoestima, contribuindo para pior qualidade de vida. Usualmente, o estigma e a discriminação em relação as pessoas com doenças mentais se estendem a família, amigos e mesmo a profissionais e serviços de saúde mental, observando-se uma discriminação orçamentária da saúde mental nas políticas de saúde pública.
As estratégias para mudar atitudes estigmatizantes usualmente envolvem educação (informações sobre as doenças mentais e as pessoas com esquizofrenia) – que não se mostra duradoura e não necessariamente muda atitudes, contato por meio da interação direta de pessoas com esquizofrenia e protesto (buscando suprimir atitudes estigmatizadas, principalmente na mídia), sendo esta última a menos eficiente. Mais recentemente, estratégias favorecedoras de empoderamento (empowerment) das pessoas com esquizofrenia têm sido preconizadas de forma a promover sua participação efetiva no planejamento terapêutico e na própria avaliação dos serviços de saúde mental.
Consequências
Quando rotulamos alguém, não olhamos para o que essa pessoa realmente é ou sente.
Se nos referimos a alguém que tem um transtorno mental como “louco”, “esquizofrênico”, “leso” ou “noia”, esses termos são usados como rótulos e trazem mais sofrimento para estas pessoas.
O uso de rótulos negativos “marca” e desqualifica uma pessoa. Esta marca é o que chamamos de estigma. As pessoas estigmatizadas passam a ser reconhecidas pelos aspectos “negativos” associados a esta marca, ou rótulo.
O estigma é gerado pela desinformação e pelo preconceito e cria um círculo vicioso de discriminação e exclusão social, que perpetuam a desinformação e o preconceito. As consequências para as pessoas que sofrem o estigma são muito sérias:
- O estigma e a discriminação tornam mais difícil para as pessoas que sofrem de algum transtorno mental reconhecer que tem algum problema e procurar apoio e tratamento.
- Por causa do estigma e da discriminação, as pessoas que sofrem de transtornos mentais são frequentemente tratadas com desrespeito, desconfiança ou medo.
- O estigma e a discriminação impedem as pessoas que tem problemas de saúde mental de trabalhar, estudar e de relacionar-se com os outros.
- A rejeição, a incompreensão e a negligência exercem um efeito negativo na pessoa, acarretando ou aumentando o autoestigma, imagem negativa que as pessoas com esquizofrenia desenvolvem a respeito de si. Estudos têm mostrado que o estigma é a influência mais negativa na vida das pessoas com algum transtorno mental
- A discriminação causa dano: destrói a autoestima, causa depressão e ansiedade, cria isolamento e exclusão social.
Por que as pessoas com esquizofrenia são estigmatizadas? Estas pessoas são estigmatizadas porque a família, os amigos e as pessoas em geral não entendem esta doença. A esquizofrenia não é resultado de uma fraqueza da pessoa, nem é causada por problemas familiares ou espirituais.
As pessoas com esquizofrenia não têm “dupla personalidade” e a maioria não é perigosa nem ataca os outros quando adequadamente tratadas. No entanto, o público em geral, e até mesmo alguns profissionais de saúde, tendem a manter uma imagem estereotipada de pessoas com esquizofrenia. Você pode ajudar a combater o estigma, desfazendo equívocos!!
Colaboração: Prof. Dr. Miguel Roberto Jorge
Primeiro Episodio Psicótico
O que é Psicose?
A palavra “psicose” é usada para descrever condições que afetem a mente, na qual exista alguma perda de contato com a realidade, afetando os pensamentos, sentimentos e comportamentos do indivíduo e pode variar amplamente entre as pessoas. É uma experiência normal da condição humana e está presente nos distintos transtornos mentais.
Quando alguém tem sintomas de psicose, sua condição é referida como episódio psicótico.
“Primeiro episódio” psicótico simplesmente significa que o indivíduo está vivenciando uma psicose pela primeira vez.
Quem têm Psicose?
Aproximadamente 3% de todos os indivíduos experimentam um episódio de psicose no período de sua vida. A psicose afeta homens e mulheres igualmente e o primeiro episódio geralmente ocorre com pessoas jovens no final da adolescência e começo da vida adulta.
Como se desenvolve uma Psicose?
A psicose se desenvolver em quatro fases:
1. Fase Pré-mórbida – anterior à instalação do sintoma.
2. Pródromo – sintomas prematuros, frequentemente vagos e dificilmente notados, que podem incluir: redução da concentração, da atenção, da energia, da motivação, humor depressivo, alterações do sono, ansiedade, retraímento social e irritabilidade.
3. Aguda – sintomas propriamente psicóticos, incluindo delírios e alucinações.
4. Residual ou recuperação – a psicose é tratada e muitas pessoas se recuperam, sejam parcialmente ou completamente.
Conscientize-se
Eu tenho um problema?
O diagnóstico de um primeiro episódio psicótico na esquizofrenia é de fundamental importância, pois pode permitir uma intervenção médica em seu início e reverter o agravamento da doença.
Quando vários sintomas caracterizados pela mudança de pensamentos, sentimentos e comportamentos começam a ocorrer com alguma frequência, principalmente em uma pessoa jovem, deve servir de alerta.
Esses sintomas devem ser avaliados em seu conjunto, pois não aparecem isolados. Eles também anunciam um provável surto ou crise psicótica. Dentre eles podemos citar:
• Dificuldade para dormir, alternância do dia pela noite, andar pela casa à noite e dormir demais.
• Preocupações não habituais com ocultismos, esoterismo e religião.
• Reações exageradas às reprovações dos parentes e amigos.
• Desejo de realizar viagens para lugares sem nenhuma ligação com a situação pessoal e sem propósitos específicos.
• Incapacidade de expressar prazer, de chorar ou chorar demasiadamente.
• Ter frequentemente risos imotivados.
• Abuso de álcool ou drogas.
• Deterioração no desempenho escolar e no trabalho.
• Auto-isolamento de amigos e família com pouco interesse em estabelecer um contato social.
• Envolvimento com escrita excessiva ou desenhos infantis, sem um objetivo definido.
• Deterioração da higiene pessoal.
• Dificuldades com concentração, memória e atenção.
• Pensamentos acelerados ou, ao contrário, muito lentos.
• Discurso desconexo, vago e sem sentido.
• Sentimentos de depressão, ansiedade, tensão, irritabilidade ou raiva.
• Distúrbio auditivo ou visual, ouvindo sons ou vozes quando sozinho no quarto, ou vendo coisas que outros não podem ver.
• Reclamação de estar sendo seguido ou monitorado.
• Pensamento de que tem poderes especiais ou é muito importante.
• Gastar excessivas quantias de dinheiro impulsivamente sem recursos suficientes.
• Energia aumentada com sentimentos de euforia.
• Comportamento de ameaça ou agressão.
Como enfrentar um diagnóstico de esquizofrenia?
Você provavelmente ficaria chocado, confuso e profundamente triste. Isto porque esses transtornos são mal entendidos. Se é um filho com este diagnóstico, você pode também sentir-se culpado e se perguntar o que você e seu parceiro fizeram de errado. Doenças mentais sérias são transtornos do cérebro e não são causados pela forma como foram criados. Você não cria o transtorno, mas pode ter um papel significativo em auxiliar seu ente querido e obter melhores resultados no tratamento da doença. Pesquisas demonstram que apoio familiar ativo pode ter um importante impacto no processo de recuperação. Aqui apresentamos algumas dicas que podem ser úteis.
Eduque-se sobre o transtorno do seu ente querido. O contato com os conteúdos desenvolvidos para você aqui neste site é um bom começo.
Participe de nossas atividades.
Registre o histórico dos sintomas, tratamentos, medicações (incluindo dosagens) e informação de psiquiatras e outras pessoas de saúde mental. Seu filho pode não ser capaz de fazer isso sem a sua supervisão. Frequentemente é feita muita experimentação para achar a medicação ou combinação ou medicações que ajam melhor para uma pessoa em particular. E, quando houver uma mudança de médico, haverá necessidade de apresentar todo o histórico do tratamento e evolução da doença.
Superando um episodio psicótico
Às vezes as pessoas com sintomas psicóticos causados pela esquizofrenia são relutantes em buscar tratamento. Talvez acreditem que não há nada de errado, ou esperem que os sintomas vão embora sem ajuda. Podem estar preocupadas com o tratamento ou com o que as pessoas possam pensar ao assumir a doença pelo estigma provocado.
Uma maior compreensão da doença, principalmente nos primeiros episódios, levou ao desenvolvimento de novas intervenções. Pessoas com esquizofrenia podem ser tratadas em sua comunidade, geralmente consultando um profissional em uma clínica de saúde mental local. Visitas domiciliares por serviços de saúde mental estão disponíveis em alguns locais e, se a hospitalização é necessária, é geralmente apenas por um breve período.
Esquizofrenia, como outras doenças, pode ser tratada com sucesso. A maioria das pessoas podem ter uma boa recuperação. Mas como isso pode ocorrer?
O processo de recuperação vai variar de pessoa para pessoa em termos de duração e grau de melhoria dos sintomas. Algumas vão se recuperar muito rapidamente e vão estar prontas para voltar à sua vida normal e assumir suas responsabilidades anteriores. Outras pessoas vão precisar de tempo para responder ao tratamento e para voltar gradualmente à sua vida anterior. Outras podem ter seus sintomas agravados e exigir um tempo muito maior e uma mudança mais profunda na sua vida.
A recuperação desde o primeiro episódio está diretamente ligado com a rapidez com que é feito o diagnóstico e a agilidade da intervenção médica, na grande maioria dos casos medicamentosa.
Se os sintomas persistirem ou retornar, o processo de recuperação pode ser prolongado. Algumas pessoas experimentam um período difícil com duração de meses ou mesmo anos antes que os sintomas possam ser controlados.
Uma vez que a psicose tenha respondido ao tratamento, problemas como diminuição da autoestima, depressão, transtornos de ansiedade, e comprometimento social precisam ser abordados durante a fase de recuperação. Vejamos algumas estratégias que podem ajudar.
Reconstruindo a autoestima
Tal como outros elementos de recuperação, a reconstrução da auto-estima leva tempo, paciência e depende do apoio positivo de amigos e familiares, evitando julgamentos negativos com base nos comportamentos provocados pela doença, tais como: falta de vontade de trabalhar, estudar, relacionar-se socialmente, raciocínio confuso, visões, dentre outros.
Muitas vezes as pessoas em recuperação são muito autocríticas, de modo que estratégias para fortalecer seus atributos positivos são muito importantes. Olhando para trás, reforçando suas realizações e talentos, podem ajudar a pessoa a ter uma visão mais realista de suas qualidades. Deve-se ter cuidado em avaliar se seu potencial anterior foi prejudicado, pois insistir em retomar atividades que não tem mais condições somente vai prejudicar sua recuperação. Neste sentido deve-se ficar atento ao que diz o paciente e ouvir os conselhos dos profissionais de saúde.
Estar com um grupo de pessoas que o apoiam podem promover a sociabilidade. Definir metas de curto prazo, que assentam em suas competências individuais e melhorar a tomada de decisão com as habilidades atuais, também são importantes para a recuperação.
Voltando a trabalhar
É importante definir metas realistas para o retorno ao trabalho. Muitas vezes pode haver um comprometimento de suas capacidades anteriores ou uma dificuldade de aceitar uma disciplina no trabalho. Esta avaliação é fundamental para que o trabalho não se torne um fator desencadeador de nova crise.
Talvez retomar com tempo parcial seria uma forma de testar a sua readaptação. Para alguns, o trabalho voluntário é um bom primeiro passo. Para outros, deverá haver a busca de outro tipo de trabalho que se adapte às novas circunstâncias.
Conhecimento ajuda a reduzir o estigma. Educar o empregador e o pessoal sobre a experiência e a recuperação é importante. Praticando o que dizer e ter um atestado médico vai ajudar, ou talvez ter um profissional especializado para reinseri-lo no universo do trabalho seria o caminho certo a seguir.
Voltando à escola
Os mesmos cuidados devem ser tomados quando se propõe o retorno à escola. Rever anteriores registros acadêmicos e realizações é um ponto de partida. Escolhendo aulas e atividades que aprimoram as habilidades da pessoa e interesses também pode ser uma maneira de ajudar a facilitar o processo.
A família ou amigo próximo deve se reunir com o orientador acadêmico para discutir a recuperação, bem como informá-lo sobre a doença e como ela afetou as habilidades da pessoa. Tendo um relato por escrito do médico, ou talvez abrindo a possibilidade de um contato do professor/orientador para falar diretamente com o profissional de saúde que acompanhou o paciente pode ser uma boa estratégia.
Reinserção social
Relações sociais desempenham um papel importante na recuperação e manutenção da saúde e bem-estar. Infelizmente, os indivíduos afetados pela esquizofrenia muitas vezes retraem e tornam-se socialmente isolados. Algumas vezes a própria família isola-se também.
É importante para a pessoa evitar a perda de vínculos nas relações sociais. Se a pessoa tem experimentado uma perda de contato com amigos e familiares, é importante tentar construir novas relações sociais e encontrar fontes de apoio social.
Estilo de vida para a recuperação
Hábitos quotidianos são uma parte essencial da manutenção de uma boa saúde física e mental, pois podem diminuir os níveis de stress e ajudar a obter mais qualidade de vida. Algumas maneiras de manter um estilo de vida saudável incluem a participação em atividades de recreação, a manutenção de um bom equilíbrio entre dieta e exercícios, dormir o suficiente todas as noites e se sentir seguro sobre a sexualidade.
Para uma pessoa com esquizofrenia ficar bem requer a participação ativa, prática e uma vontade de ouvir os outros. Algumas estratégias incluem:
• estar ciente de sua capacidade de lidar com o stress e ser capaz de monitorar o seu próprio bem-estar;
• estabelecer metas alcançáveis, incluindo estratégias específicas para lidar com a mudança, mantendo-se sociável e ter uma rede de apoio confiável;
• manter regularmente as consultas com médicos e outros profissionais de saúde, assim como realizar exames médicos;
• participar de atividades sociais positivas, de lazer e trabalho;
• procurar a ajuda de um terapeuta e/ou participar de terapia de grupo ou de um grupo de autoajuda;
• celebrar as conquistas e criar planos para o futuro.